[C.M.] O Vermelho e o Negro: Fragmentos de morte de Yukio Mishima
A natureza ocidentalizada de Mishima em torno do seu espírito oriental é bem clara para o leitor de suas obras, seja este muito atento ou não. Sendo ávido consumidor de obras românticas (poéticas, teatrais, filosóficas, etc) do Ocidente (como analisado no meu texto "Os 4 Pilares Ocidentais de Yukio Mishima"), ele naturalmente não escapou de ler os franceses, estes donos inclusive de um dos idiomas que Mishima dominava, e podemos observar esta influência na mistura incrível que faz com vários estilos, mais precisamente em narrativas lineares, como em Vida à Venda, O Marinheiro Que Perdeu as Graças no Mar, Onnagata...
O que farei aqui é retirar dois fragmentos da obra "O Vermelho e o Negro" de Stendhal, e retirar um fragmento do livro "Vida à Venda" de Mishima, onde ambos tratam do mesmo tema: a súbita mudança na forma de ver a vida ante a morte. A morte é um tema recorrente à obra mishimiana, a envolve com vestes de um esteta, então podemos ver esse mesmo "tipo" de fragmento em outras obras. Faço desse pequeno texto uma divulgação principalmente dos fragmentos desse romance monumental de Stendhal.
"E eu a (Mathilde) adorava há dois meses! Bem que li em algum lugar que a aproximação da morte traz o desinteresse por tudo; mas é horrível sentir-se ingrato e não poder mudar. Será que sou egoísta?"
"É estranho que eu só tenha conhecido a arte de gozar a vida depois de ver seu termo se aproximar."
-O Vermelho e o Negro, Stendhal, tradução de Raquel Prado
"Embora não pareça, tanto a vida quanto a política são coisas simples e superficiais. Se bem que só alcançamos essa percepção quando estamos preparados para enfrentar a morte a qualquer momento. A avidez pela vida faz com que tudo pareça misterioso e complicado."
-Vida à Venda, Yukio Mishima, tradução de Shintaro Hayashi