[C.M.] Harmonia Estética, e Artística, por natureza. Apolo e Dionísio. Friedrich Nietzsche, Godfrey H. Hardy e Yukio Mishima

Adonai Braga
2 min readApr 15, 2022

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“Teremos ganho muito a favor da ciência estética se chegarmos não apenas ao entendimento lógico mas à certeza imediata da introvisão [Anschauung] de que o contínuo desenvolvimento da arte está ligado à duplicidade do apolíneo e do dionisíaco, da mesma maneira como a procriação depende da dualidade dos sexos, em que a luta é incessante e onde intervêm periódicas reconciliações. Tomamos estas denominações dos gregos, que tornam perceptíveis à mente perspicaz os profundos ensinamentos secretos de sua visão da arte, não, a bem dizer, por meio de conceitos, mas nas figuras penetrantemente claras de seu mundo dos deuses. A seus dois deuses da arte, Apolo e Dionísio, vincula-se a nossa cognição de que no mundo helênico existe uma enorme
contraposição, quanto a origens e objetivos, entre a arte do
figurador plástico [Bildner], a apolínea, e a arte não-figurada
[unbildlichen] da música, a de Dionísio: ambos os impulsos, tão diversos, caminham lado a lado, na maioria das vezes em discórdia aberta e incitando-se mutuamente a produções sempre novas, para perpetuar nelas a luta daquela contraposição sobre a qual a palavra comum “arte” lançava apenas aparentemente a ponte; até que, por fim, através de um miraculoso ato metafísico da “vontade” helênica, apareceram emparelhados um com o outro, e nesse emparelhamento tanto a obra de arte dionisíaca quanto a apolínea geraram a tragédia ática.”

-Friedrich Nietzsche, A Origem da Tragédia Proveniente do Espírito da Música, aforismo 1

“Os padrões criados por um matemático, como os do pintor ou do poeta, devem ser belos. As ideias, como as cores ou as palavras, devem se entrelaçar de maneira harmoniosa. A beleza é o primeiro critério. Não há lugar no mundo para a matemática feia”

-Godfrey H. Hardy, Em Defesa de um Matemático

“Lentamente eu comecei a pensar que a ausência de ambos os elementos, o intelecto e a emoção, na literatura, que é como Nietzsche coloca, o Apolíneo e o Dionisíaco, não pode resultar em uma forma ideal de arte”

-Yukio Mishima, Coisas Que Me Fascinam

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